Originário da Ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, o Cão Fila de São Miguel faz parte do grupo das raças caninas insulares portuguesas.
Origem
Originário da Ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores, o Cão Fila de São Miguel faz parte do grupo das raças caninas insulares portuguesas, juntamente com o Barbado da Terceira, e o atualmente extinto Cão de Fila da Terceira, estando formal e oficialmente reconhecida nas instâncias competentes nacionais e internacionais como uma raça individualizada.
De tipo molossóide, é uma raça de porte médio, de traços rústicos, dotada de grande inteligência, muito independente, autoconfiante, e de grande poder físico, configurando assim uma raça de perfil dominante. É ainda hoje, seguindo a tradição secular na sua ilha de origem, utilizada para a guarda, e guia de gado bovino leiteiro.
Com o povoamento do Arquipélago dos Açores e o início da exploração das condições ótimas das ilhas para a criação de gado bovino, cedo tornou-se clara a necessidade da presença de cachorros nas ilhas para ajudar à condução, e defesa do gado, datando do século XVI a primeira referência à sua presença, nomeadamente na Ilha de São Miguel. Esses animais são reconhecidos como os precursores do Fila de São Miguel.
Embora a existência do Cão Fila de São Miguel, como raça individualizada, esteja registrada desde o início do século XIX, é apenas em 1982 que é iniciado o seu registro pela iniciativa de António José Amaral com a colaboração de Maria de Fátima Machado Mendes Cabral, médica veterinária, com o objetivo de criar um censo dos seus efetivos. O primeiro exemplar da raça registrado oficialmente foi à cadela “Corisca”, uma perfeita representante da sua raça.
É também pela iniciativa destas mesmas duas pessoas que, em 1984, dois anos após o início do registro de indivíduos é publicado o primeiro estalão oficial. Em 1995 foi proposta à Fédération Cynologique Internationale a homologação da raça, tendo sido finalmente reconhecida no ano de 2008.
A raça hoje conhecida como o Cão Fila de São Miguel, descendente dos Mastins e Alões, inicialmente levados para as ilhas do Açores pelos primeiros colonos, vindos do continente. Mais tarde, e através do contato com outros povos que aportavam e estabelecia-se nos Açores, o patrimônio genético da raça foi enriquecido com cruzamentos feitos com Mastins Ingleses, Buldogues, e Dogues de Bordéus, até ao culminar do aparecimento da nova raça, de características morfológicas, e temperamentais próprias plenamente definidas.
Para além das mencionadas, outras raças poderão fazer parte da ancestralidade do Fila de São Miguel, como o Cão de Santo Humberto, também conhecido como Bloodhound, e o Dogo Canário, raça espanhola oriunda das Ilhas Canárias, mas está ainda por demonstrar a verdadeira ligação – se existente – entre estas raças e o Fila de São Miguel.
Características
O Cão Fila de São Miguel caracteriza-se por ser um animal de porte e traços rústico, e caracteristicamente mais comprido que alto. A raça é de porte médio, musculada, mas sem o aspecto pesado de outras. A cabeça tem um aspecto maciço, larga, e com orelhas bem colocadas ao topo, implantada num pescoço forte que radica de um tronco sólido, com peito largo e profundo. O focinho é bem proporcionado, aparentemente curto, mas esconde uma boca larga, com dentição completa, capaz de uma dentada poderosa. Os olhos são ovais, bastante expressivos, ligeiramente encovados, castanho escuros, horizontais, e de tamanho médio.
As patas são proporcionais ao corpo, com as dianteiras a ser, regra geral, ligeiramente afastada. A garupa é de comprimento médio em relação ao corpo, ligeiramente predominante em relação ao garrote. Esta ligeira proeminência da garupa é de evitar, embora notória em muitos cachorros. A cauda é de inserção alta, grossa, e de tamanho médio ligeiramente encurvado. Normalmente é encurtada pela 2ª ou 3ª vértebra. Tal como sucede no corte das orelhas, mas a amputação da cauda será a curto ou médio prazo, interdita pela lei, e este condicionamento irá alterar necessariamente o tipo de exemplar a que estamos habituados.
A pelagem é curta, forte, lisa, densa, e ligeiramente franjada na cauda e posteriores. A cor pode ser amarela, cinza e fulvo, nas tonalidades claro e escuro, devendo ser sempre raiado, e podendo ter uma malha branca na região frontal e mentopeitoral, podendo ser menalvo, pedalvo ou quadralvo. A pele é grossa e pigmentada.
A altura média dos machos fica entre 50 cm a 60 cm, e as fêmeas devem medir entre 48 cm a 58 cm, medidos sempre a altura da cernelha. Já o seu peso é de 25 kg a 35 Kg para os machos, e 20 kg a 30 Kg para as fêmeas.
Peso: | Aproximadamente Macho de 25 kg a 35 kg e Fêmea de 20 kg a 30 kg |
Altura | Aproximadamente Macho de 50 cm a 60 cm e Fêmea de 48 cm a 58 cm |
Grupo: | 2 – Cachorros de guarda e utilidade |
Funções: | Cachorro de boiadeiro |
Grau de Atividade: | Alta |
Pelo: | Curta, forte, lisa, densa, e ligeiramente franjada na cauda e posteriores |
Cor: | amarela, cinza e fulvo, nas tonalidades claras e escuras, devendo ser sempre raiado, e podendo ter uma malha branca na região frontal e mentopeitoral, podendo ser menalvo, pedalvo ou quadralvo |
Nome de Origem: | Cão Fila de São Miguel |
Pais de Origem: | Portugal |
Registro FCI: |
Temperamento
Cachorro de gado por excelência é ainda, um bom guarda de propriedade, e de defesa pessoal. Muito inteligente e com grande aptidão para aprender. De temperamento ardente e voluntarioso, a força de caráter do Cão de Fila de São Miguel, aliada a uma desconfiança perante estranhos instintiva a todo o guarda por vocação, pode ser facilmente confundida com agressividade, mas esconde uma índole meiga para com aqueles com quem lida de perto, sem, no entanto deixar de ser um guardião tenaz e corajoso de quem trata-o. A lealdade à sua família humana é extrema.
Com ainda mais ênfase dada à natureza dominante da raça, a educação e sociabilização dos cachorros deve serve feita desde o nascimento, expondo os animais gradualmente a novas situações e estímulos, de modo a potenciar o desenvolvimento de indivíduos equilibrados e aptos a conviver com seres humanos e outros animais.
Não é uma raça adequada a iniciantes, dada a sua natureza dominante, ainda mais potenciada pela sua pujança física, e caráter vincadamente independente e autônomo.
Curiosidades
Na sua função, com o gado leiteiro, morde baixo, com o objetivo de não ferir as mamas das vacas. No entanto, pode morder mais alto no caso de tratar-se de boiadas fugitivas.
Dicas
A mesma rusticidade que dá a saúde vigorosa à raça também torna uma raça carente de pouca manutenção, num sentido estreito. O pelo curto e duro poderá ser escovado ocasionalmente, e banhos serão esporádicos. Uma alimentação sã e equilibrada proporcionará aos cachorros em desenvolvimento o necessário para tornarem-se adultos saudáveis, e o mesmo regime será o suficiente para assegurar a saúde em adulto.
Mesmo como animal de companhia, deve ter a oportunidade de ter uma tarefa a desempenhar. Um treino consciencioso é sempre um meio simples, e eficaz de estreitar a relação entre a família humana e o animal, ao mesmo tempo em que proporcionará exercício físico, e mental necessários à formação e desenvolvimento bem equilibrado.
No entanto, dadas as características intrínsecas da raça, treinar-lo é uma tarefa que pode-se demonstrar bastante desafiante para alguém que tenha pouca experiência com cachorros. Sendo uma raça muito inteligente e dominante, não responderá bem ao uso da força. Uma socialização plena é recomendada.
Saúde
Sendo uma raça rústica, possui uma saúde robusta, e não existem registros até a data que levem a crer que exista alguma patologia a que a raça seja especificamente atreitas por razões genéticas. Expectativa de vida varia entre 10 anos a 12 anos.
Preço
- Não há no Brasil estimativas de preço correto para os filhotes dessa raça.
Leia Também:
Nenhum comentário encontrado.